O perigobwin revolut‘pegadinhas’ feitas pelos pais com crianças pequenas :bwin revolut
No dia 30bwin revolutagosto, a hashtag #eggcrackchallenge (desafiobwin revolutquebrar o ovo,bwin revolutinglês) tinha acumulado quase 75 milhõesbwin revolutvisualizações no TikTok. A maioria das crianças nos vídeos parece ser jovem, com frequênciabwin revolutidade pré-escolar.
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Fim do Matérias recomendadas
E embora cada uma tenha uma reação diferente ao ser vítima da pegadinha — algumas dizem que dói, outras parecem surpresas, algumas caem no choro ou até empurram ou batem nos pais — existe um comportamento comum. Quase todas não acham nada engraçado... enquanto os pais estão se acabandobwin revolutrir.
Esse comportamento não é uma surpresa, dizem psicólogos, e há uma sériebwin revolutmotivos para isso. Para começar, a maioria das crianças pequenas não conseguem entender o humorbwin revolutpregar uma pegadinhabwin revolutalguém. Quebrar um ovo é só o exemplo mais recente.
Além disso, há uma questão envolvendo o fatobwin revolutque as crianças estão sendo filmadas e exibidas na internet sem o seu consentimento para audiências que às vezes chegam aos milhõesbwin revolutpessoas.
A verdade é que pregar “pegadinhas” ou fazer “trollagens” (como esse tipobwin revolutvídeo é com frequência chamado no Brasil), é uma brincadeira sem graça para as crianças e também pelo menos para uma parte dos adultos assistindo.
Existe um motivo para ficarmos desconfortáveis com esse tipobwin revolutbrincadeira: existe uma linha tênue entre “pegadinha” e bullying, dizem os especialistas.
Isso é ainda mais verdade quando a vítima é menos poderosa do que quem está fazendo a pegadinha — por isso, uma regra implícita do humor é tirar sarrobwin revolutquem está por cima, nãobwin revolutquem está na pior. E entre um adulto e uma criança, a criança sempre será a parte mais vulnerável.
É óbvio que, mesmo para adultos e adolescentes, ser vítimabwin revolutuma pegadinha nem sempre é engraçado.
Se a brincadeira é engraçada, normalmente é porque a vítima imediatamente se dá conta do que está acontecendo, não foi ferida nem magoadabwin revolutnenhuma forma e consegue rapidamente rir junto com quem pregou a peça, diz a psicóloga Rachel Melville-Thomas, porta-voz da Associaçãobwin revolutPsicoterapeutas Infantis do Reino Unido.
“O que a gente quer é que as pessoas riam juntas. Rir junto cria coesão no grupo social”, diz ela.
“Se você é vítimabwin revolutuma pegadinha, para ser engraçado, é preciso que você perceba rápido e pense ‘ah, que pegadinha bem elaborada’. É difícil isso acontecer se você está batendo na cabeçabwin revolutalguém.”
E, para uma criança pequena, "pegar rápido" o tipobwin revoluthumor envolvidobwin revolutuma pegadinha é mais difícil por causa do estágiobwin revolutdesenvolvimentobwin revolutque ela se encontra.
Na verdade, as crianças conseguem entender humor desde pequenas, mas não todos os tipos. Algumas pesquisas mostram que criançasbwin revolut5 e 6 anos já conseguem entender tipos mais sofisticadosbwin revoluthumor — como sarcasmo e ironia — e algumas criançasbwin revolutaté 4 ou 3 anos já conseguem entender piadas.
Mas o tipobwin revoluthumor envolvidobwin revolutuma pegadinha é difícil para crianças pequenas porque a habilidade para entendê-lo é ligada à chamada “teoria da mente”.
Trata-se da habilidadebwin revolutatribuir estados mentais tanto para si mesmo quanto para os outros. Isso nos permite entender que as pessoas podem pensar, sentir, e ter expectativas diferentes umas das outras.
Embora isso variebwin revolutcriança para criança, essa habilidade costuma amadurecer entre 3,5 e 4,5 anosbwin revolutidade (e continua se desenvolvendo durante a infância e a adolescência).
Mas mesmo que a criança tenha essa capacidade, há limites. E assim como qualquer outra habilidade, o humor não é algo que tem um botãobwin revolutligar e desligar.
Entender o humorbwin revolutuma situação “é um processo complexo que envolve componentes cognitivos, comportamentais, emocionais, sociais e fisiológicos”, dizem pesquisas.
Alguns especialistas também se perguntam como, dada a violação física envolvida (e o fato, pelas reaçõesbwin revolutalgumas crianças,bwin revolutque a pegadinha parece tê-las machucado), algumas pessoas acham esse tipobwin revolutpegadinha especialmente engraçada.
Pesquisadores dizem que os vídeosbwin revolutpegadinhas na internet, e particularmente aqueles que focam na resposta emocional e na dor da vítima, são o lado terrível da culturabwin revolutmídia social.
Uma teoria comumente aceita sobre o que torna algo engraçado é a quebrabwin revolutexpectativas. Teoriza-se que é por isso que muitas pessoas acham engraçado o humor pastelão, por exemplo.
Muito do humor inicial que as crianças desenvolvem derivabwin revolutum senso crescentebwin revolutabsurdo. “As crianças pequenas acham engraçadas coisas fora do lugar, como um elefantebwin revolutchapéu”, diz Melville-Thomas.
"O problema com essa [brincadeira] é que ela é absolutamente inesperada. É ambientadabwin revolutuma situação fofa do tipo 'vamos cozinhar juntos com a mamãe', e então você basicamente bate no seu filho."
“É uma pegadinha, não uma piada”, diz a psicóloga. "Elas não apenas não são capazesbwin revolutcompreender cognitivamente o humor, mas também são alvobwin revolutpiada. E há uma quebrabwin revolutconfiança."
Quebrabwin revolutconfiança
Quando a pegadinha é feita pelos pais, avós ou responsáveis pela criançabwin revolutgeral, o que acaba marcando mais a criança é justamente essa quebrabwin revolutconfiança.
“Para uma criança com menosbwin revolutcinco anos, os pais (ou responsáveis) são a basebwin revolutsegurança”, diz Melville-Thomas. “Os responsáveis são a redebwin revolutsegurança, na qual a criança pode sempre confiar e saber que a pessoa não vai machucá-la”, diz ela.
Quebrar um ovo na testabwin revolutuma criança viola essa confiança.
“Os pais colocam a recompensa que receberão na internet — acessos, visualizações, curtidas ou algo assim — acima da preocupação sobre como o filho responderá àquela situação”, diz ela.
“Naquele momento, a necessidade ou desejo dos pais supera esmagadoramente a necessidade da criança, com consequências. Como mãe, as minhas próprias necessidades são mais importantes que as necessidades da criançabwin revolutvárias ocasiões, mas nãobwin revolutuma forma que prejudique o relacionamento que nós temos — que ela pode confiarbwin revolutmim, eu não vou bater nela.”
A psicoterapeuta infantil diz que também se preocupa com o medo gerado, que a criança fique temerosa que aquela pegadinha aconteça novamente.
Mesmo entre adultos, as repetidas pegadinhas na internet entre casais podem ter um impacto negativo nos relacionamentos.
O que é particularmente interessante para especialistas como Melville-Thomas e Paige Davis, psicóloga do desenvolvimento na Universidade St. Johnbwin revolutYork, é que, quando as crianças nos vídeos respondem negativamente — como acontece frequentemente — os pais muitas vezes riem.
Isso mostra uma faltabwin revolutsintonia, dizem eles, que é o oposto do que a maioria dos especialistasbwin revolutdesenvolvimento infantil hoje aconselham.
Nada disto quer dizer que um pai que participabwin revolutuma modabwin revolutpegadinha tenha arruinado abwin revolutrelação com o seu filho, diz Melville-Thomas. Nenhum pai é perfeito, nem deveria ser.
Mas, mesmobwin revolutsituações como esta, um pedidobwin revolutdesculpas é importante — porque o que é crucial é o impacto que a pegadinha teve na criança, e não qual era a intenção do cuidador, dizem os especialistas.
“É melhor tentar falar sobre issobwin revolutvezbwin revolutfingir que nada aconteceu”, diz Melville-Thomas.
“Você pode dizer: 'Outro dia estávamos cozinhando e eu achei que seria engraçado te surpreender quebrando um ovo nabwin revolutcabeça, porque vi outras pessoas fazendo isso. Na verdade, doeu. Sinto muito'”, aconselha ela.
“Se fizer um pedidobwin revolutdesculpas, o pai realmente está dando uma explicação ao seu filho, dando um exemplo. O pai está dando o exemplobwin revolutcomo reparar coisas das quais ele se arrepende. E isso é ótimo.”