'Se alguém tivesse falado comigo, eu não teria pulado':blaze girou

Vista panorâmica da Golden Gate

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A ponte Golden Gate era um famoso 'pontoblaze girousuicídio'

É justo dizer que ele dedicoublaze girousegunda vida à ponte Golden Gate.

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Em 2000, Hines sobreviveu milagrosamente à quedablaze girou75 metros nas águas frias do Oceano Pacífico após tentar suicídio pulando da estrutura.

Nos 85 anos desdeblaze girouconclusão, maisblaze girou1.800 pessoas se mataram dessa forma,blaze girouacordo com números do Golden Gate Bridge Highway and Transportation District.

Após se recuperarblaze girouferimentos graves, Hines se reinventou como um ativista da prevenção ao suicídio que viaja pelos Estados Unidos e outros países espalhando uma mensagemblaze girouesperança.

Mas o homemblaze girou43 anos também tem sido defensorblaze girouuma campanha para instalar um impeditivo na ponte, constituído por redesblaze girousegurança.

Kevin Hines, um pulador da Golden Gate, posa sorrindo para foto com ela ao fundo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Kevin Hines sobreviveu a uma tentativablaze girousuicídio na ponteblaze girou2000 e dedicoublaze girouvida à defesa da prevenção do suicídio desde então

Um começo promissor

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O projeto foi aprovado desde 2008 e a construção finalmente começou 10 anos depois. Mas o trabalho foi atrasado por uma sérieblaze girouproblemas, incluindo custos crescentes. Originalmente, foram estimadosblaze girouUS$ 76 milhões (R$ 424 milhões), mas a conta das redes ultrapassou a marcablaze girouUS$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão), grande parte por causa da pandemiablaze girouCovid-19 e questões administrativas.

As redes estão sendo instaladas desde 1ºblaze giroujaneiro e seu impacto tem sido significativo: nos primeiros seis meses do ano, o Golden Gate Bridge Highway and Transportation District registrou apenas três suicídios.

"Em um ano típico antes da rede, haveriablaze girou15 a 20 suicídios neste momento", disse Paolo Cosulich-Schwartz, gerenteblaze girourelações públicas do Golden Gate Bridge, Highway and Transportation District,blaze girouum comunicado.

Antes das redes, a Golden Gate teve uma médiablaze girou30 suicídios confirmados por ano nas últimas duas décadas.

O mais importante é que as tentativasblaze girousuicídio também caíram: policiais e voluntários que patrulham a ponteblaze giroubuscablaze giroupossíveis saltadores relataram 56 intervenções entre janeiro e julho. Na era pré-rede, haveria 150 intervenções no mesmo período.

Detalhe das redes contra suicídios na ponte Golden Gate

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Redes, instaladasblaze giroujaneiroblaze girou2024, já tiveram um impacto substancial no númeroblaze girousuicídios na ponte

"É triste que tenha demorado tanto, mas estou feliz que esteja sendo feito, mesmo assim. Estou olhando para o resultado positivo que teremos quando as redes estiverem prontas", diz Kevin Hines, o ativista.

Mas o impedimento ainda depende do raciocínio rápidoblaze giroupoliciais e gruposblaze girouvoluntários. Kevin Briggs é um policial aposentado da Patrulha Rodoviária da Califórnia que é creditado por convencer cercablaze girou200 pessoas a desistirblaze giroupular da ponte Golden Gate.

Ele acredita que as redes mudarão o trabalhoblaze girouprevenção ao suicídio.

"Todos os anos, maisblaze girou20 pessoas costumavam pular da ponte para a morte, mas esses números serão reduzidos a zero, espero, pelas redes."

Números sombrios

A combinaçãoblaze giroupatrulhas policiais e o trabalhoblaze girougrupos como os Bridgewatch Angels, uma redeblaze girouvoluntários que atua na ponteblaze giroudatas importantes, como o Dia dos Namorados e Vésperablaze girouNatal, evitaram um aumento significativo no númeroblaze giroumortos: somenteblaze girou2021, eles dissuadiram ou impediram 198 pessoasblaze giroupular,blaze girouacordo com as autoridades da ponte.

As autoridades dizem que 25 pessoas pularam, mas apenas 21 corpos foram recuperados das águas turbulentas que correm abaixo dela.

Estima-se que maisblaze girou98% das pessoas que pulam da Ponte Golden Gate não sobrevivem à queda.

Kevin Briggs sentado uniformizadoblaze girouuma motocicleta

Crédito, Ascend Books

Legenda da foto, Kevin Briggs, um policial aposentado da Patrulha Rodoviária da Califórnia, é creditado por convencer cercablaze girou200 pessoasblaze girounão pular da Golden Gate

Assassino global implacável

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número global sejablaze girou720 mil mortes por suicídio anualmente — a maioria ocorreblaze giroupaísesblaze giroubaixa e média renda.

Os Centrosblaze girouControle e Prevençãoblaze girouDoenças (CDC) dos EUA dizem que cercablaze girou49.500 pessoas tiraram suas próprias vidas no paísblaze girou2022 (o ano mais recente para o qual há números disponíveisblaze girou2024).

O suicídio é agora a segunda principal causablaze giroumorte entre os americanos entre 25 e 44 anos.

Debate sobre a rede

Apoiadores do sistemablaze giroudissuasão, incluindo parentes enlutadosblaze giroupessoas que morreram na ponte, apontam que várias estruturas famosas ao redor do mundo, como a Torre Eiffel, têm barreiras instaladas e relatam muito menos casosblaze giroutentativasblaze girousuicídio e fatalidades.

Paul Muller, chefe do Bridge Rail Fund, uma ONG sediadablaze girouSão Francisco fundada para fazer lobby por maior proteção na Ponte Golden Gate, refere-se especificamente ao caso que inspiroublaze girouorganização. Trata-se do Munster Terrace, na cidade suíçablaze girouBerna, onde uma redeblaze girousegurança instaladablaze girou1998 reduziu drasticamente o númeroblaze girousuicídios.

"A Golden Gate está seguindo os mesmos conceitosblaze giroudesign comprovadosblaze girouBerna, então esperamos que as mortes após a conclusão da barreira sejam zero ou quase zero", ele disse à BBC por e-mail.

Os críticos das redesblaze girousegurança acreditam que elas apenas farão as pessoas procurarem outros lugares para tentar tirar suas próprias vidas. Um exemplo frequentemente citado é o estudoblaze girouuma ponteblaze girouToronto, Canadá. Em um artigoblaze girou2010, pesquisadores descobriram que uma barreira suicida instaladablaze giroujunhoblaze girou2003 levou a uma queda nas mortesblaze girounove por ano para quase zero, mas que mortes semelhantes por suicídioblaze girououtras pontes locais aumentaram.

No entanto, um estudo com focoblaze giroupessoas dissuadidas ou impedidasblaze giroupular da Ponte Golden Gate ofereceu uma perspectiva oposta:blaze girou1978, Richard Seiden, então psiquiatra da Universidade da Califórnia, publicou um estudo que acompanhou a vidablaze giroupessoas que foram impedidasblaze giroupular da ponte entre 1937 e 1971.

Uma intervenção para conter suicida na Golden Gateblaze girou1941

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Desde ablaze girouinauguração,blaze girou1937, estima-se que maisblaze girou1.800 pessoas tenham morrido por pular da ponte

'Vozes na minha cabeça'

Seiden descobriu que daquelas 515 pessoas, apenas 25 tirariam suas próprias vidas mais tarde.

"É isso que tem levado as famílias a se manifestarem e compartilharem nossa dor publicamente, para fazer as pessoas entenderem que elas não precisam morrer", disse Dayna Whitmer, membro do conselho da Bridge Rail Foundation, que perdeu seu filho Matthew na Golden Gate, à BBC.

"Não queremos que outra família passe pelo que passamos. Uma perda que fica conosco para sempre, e sabemos que as redes farão a diferença."

De acordo com o escritório do legista do Condadoblaze girouMarin, que lida principalmente com as mortes na Golden Gate, quase 60% dos saltadores têm menosblaze girou45 anos. Charlotte Thodellius, criminologista da Chalmers University of Technology na Suécia, pesquisou a influênciablaze giroubarreiras físicasblaze giroutentativasblaze girousuicídio.

Ela descobriu que as barreiras são especificamente eficientesblaze giroudissuadir pessoas mais jovensblaze giroutentar tirar suas próprias vidasblaze giroulugares como pontes, estradas e estações ferroviárias.

"Observei que pessoas mais jovens cometem um tipo diferenteblaze girousuicídio dos adultos. Elas são espontâneas e agem muito impulsivamente. Elas podem não querer morrerblaze giroufato e só querem que algo pare."

Dayna Whitmer durante a construção das redesblaze girousegurança na Golden Gate

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Dayna Whitmer, que perdeu o filho na ponte, é uma forte defensora das redes

Essa é uma situação familiar para Kevin Hines. No dia 25blaze girousetembroblaze girou2000, ele viajoublaze girouônibus do centroblaze girouSão Francisco para a ponte Golden Gate no augeblaze girousua luta contra o transtorno bipolar, após ouvir vozes emblaze giroucabeça "dizendo para ele morrer". Durante a jornada, ele fez o que chamablaze girou"um pacto consigo mesmo".

"Se uma pessoa me perguntasse se eu estava bem ou algo assim, eu contaria tudo e pediria para me ajudar."

Em vez disso, a única pessoa que abordou Hines foi um turista que pediu para o jovemblaze girou19 anos tirar uma foto dele. Hines pulou o corrimão baixo logo depois. Como os poucos sobreviventes que falam publicamente, ele se arrependeu da decisãoblaze giroupular imediatamente após começarblaze girouquedablaze girouquatro segundosblaze giroudireção ao Oceano Pacífico.

"As redes teriam me parado se eu tivesse pulado, mas também acho que não teria tentado se elas estivessem lá", acredita Hines.

"Acho que quando as pessoas perceberem que não podem mais morrer pulando da Ponte Golden Gate, as tentativasblaze girousuicídio vão parar."

*Caso seja ou conheça alguém que apresente sinaisblaze giroualerta relacionados ao suicídio, ou caso você tenha perdido uma pessoa querida para o suicídio, confira alguns locais para pedir ajuda:

- O Centroblaze girouValorização da Vida (CVV), por meio do blaze girou telefone 188, oferece atendimento gratuito 24h por dia; há também a opçãoblaze girouconversa por chat, e-mail e busca por postosblaze girouatendimento ao redor do Brasil;

- Para jovensblaze girou13 a 24 anos, a Unicef oferece também o chat Pode Falar;

- Em casosblaze girouemergência, outra recomendaçãoblaze girouespecialistas é ligar para os Bombeiros ( blaze girou telefone blaze girou 193) ou para a Polícia Militar ( blaze girou telefone blaze girou 190);

- Outra opção é ligar para o SAMU, pelo blaze girou telefone 192;

- Na rede pública local, é possível buscar ajuda também nos Centrosblaze girouAtenção Psicossocial (CAPS),blaze girouUnidades Básicasblaze girouSaúde (UBS) e Unidadesblaze girouPronto Atendimento (UPA) 24h;

- Confira também o Mapa da Saúde Mental, que ajuda a encontrar atendimentoblaze girousaúde mental gratuitoblaze giroutodo o Brasil.

- Para aqueles que perderam alguém para o suicídio, a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases) oferece assistência e gruposblaze girouapoio.