Condição raríssima faz jovempixbet wikipedia23 anos parecer ter 13: 'Só quem me conhece sabe a minha idade':pixbet wikipedia

Guto Marques, aos 23 anos

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Atualmente, Guto está com 23 anos e sonhapixbet wikipediase tornar um fotógrafo profissional

À BBC News Brasil, Guto conta que sempre ia ao médico com fortes dorespixbet wikipediacabeça, mas nenhum conseguia diagnosticá-lo corretamente.

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“As dores começaram a me afetar na escola, eu não conseguia estudar e alguns médicos diziam que eu tinha problema psicológico, preguiça; outros falavam que era apenas uma virose”, conta.

Guto aos 12 anos

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Por volta dos 12 anos, Guto paroupixbet wikipediaenvelhecer, aparentemente

Ainda criança, Guto recebeu o diagnóstico do craniofaringioma após sofrer uma convulsão e ser atendido no hospital da cidade. “Daí disseram à minha tia que era arriscado, mas ou eu operava, ou morriapixbet wikipediapoucos dias”, relata.

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No cérebro humano existe um líquido (líquor), que é fabricado no meio do órgão e absorvido por fora do cérebro a cada 8 horas. No casopixbet wikipediaGuto, o líquor não era trocado e o acúmulo pressionava a região, ocasionando muitas dores.

Mesmo assim, para o menino, a parte mais difícil ao enfrentar essa situação veio após a cirurgia, com o isolamento. “Eu fiquei trancado numa salapixbet wikipediavidro para eles fazerem um acompanhamento geral e ver se eu não ia ter convulsões, se eu ia conseguir falar, enxergar e mexer as pernas”, relembra o jovem.

Ao final dos exames, aparentemente, estava tudo normal. Entretanto, a retirada do tumor atingiu a hipófise, uma glândula essencial localizada na parte inferior do cérebro, responsável, entre outras funções, por produzir o hormônio do crescimento.

“Eles fizeram muitos exames e viram que eu ia pararpixbet wikipediacrescer, mas não sabiam exatamente quando. Eu podia pararpixbet wikipediacrescer com 8, 9 ou 10 anos. Daí eu pareipixbet wikipediacrescer com 12”, explica o jovem.

Tumor do tamanhopixbet wikipediaum grãopixbet wikipediafeijão

Os médicos retiraram apenas 20% do tumor, o máximo que conseguiram para não afetar outras áreas cerebrais. Em seguida, Guto teve que passar por mais duas cirurgias.

“Na primeira, foi colocado um cateter que tirava o líquido do cérebro e ia até o abdômen (chamado derivação ventrículo-peritoneal ou DVP); e, na segunda, um cateter que ia dentro do cisto do tumor até um reservatório subcutâneo na cabeça, por onde se injetava a quimioterapia”, detalha o neurocirurgião responsável pela operação, Nério Azambuja Jr.

Segundo Guto, as quimioterapias foram muito longas e intensas. “No começo, eu fazia três vezes por semana, depois foi baixando para duas, depois uma a cada mês, até parar. Só que eu sofria muito, porque o cateter doía demais, eles colocavam injeções grandes dentro dele, então imagina”, desabafa o jovem.

Na época, havia a possibilidadepixbet wikipediainduzir o hormônio do crescimento, mas a chancepixbet wikipediao tumor crescer junto era iminente, por isso, ele optou por não seguir com essa possibilidade.

Já na adolescência, ao perceber quepixbet wikipediaaparência havia estagnado, o menino enfrentou outro processo difícil: opixbet wikipediaaceitação.

“Quando já tinha uns 15 anos, acabei ficando revoltado, não conversava com ninguém, não saía da sala para o recreio, não respondia nem a professora e daí ficavam chamando a minha tia na escola”, recorda-se.

Gutopixbet wikipediaboné

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Guto leva uma vida tranquila após ter passado por 12 cirurgia na cabeça e enfrentado oito anospixbet wikipediaquimioterapia

Com o passar do tempo, Guto foi aceitando melhorpixbet wikipediaaparência jovial e, com o apoio da família, hoje leva uma vida tranquila ao lado da tia e do primo.

“Sem a minha família, eu não teria conseguido superar. Eu conheço gente que tem câncer e desistepixbet wikipediatudo”, pondera.

“Hoje eu não me importo com mais ninguém. Tenho amizade com os mais velhos, com pessoaspixbet wikipedia20, 30, 40 anos, e eles não me julgam, não falam nada para mim. Aqui todo mundo me conhece, me chamam para arrumar celular, televisão. E hojepixbet wikipediadia eu estou muito bem, converso muito e não tenho mais vergonhapixbet wikipedianada”, conta o jovem gaúcho, que sonhapixbet wikipediaser fotógrafo e espera logo conseguir comprarpixbet wikipediacâmera profissional.

Ao todo, foram 15 anospixbet wikipediatratamento, setepixbet wikipediaquimioterapia e 12 cirurgias na cabeça. Mesmo assim, o tumor não foi 100% eliminado. Guto paroupixbet wikipediafazer quimioterapiapixbet wikipedia2015 e, desde então, convive com o tumor do tamanhopixbet wikipediaum grãopixbet wikipediafeijão, mas sem dorespixbet wikipediacabeça.

Acúmulopixbet wikipedialíquor e dorespixbet wikipediacabeça

Atualmente, Guto mede 1,62 m, pesa cercapixbet wikipedia50 kg e aparenta não ter mais do que 13 anos. Do lado esquerdo do cérebro, ele segue usando uma válvula para drenar o líquor.

Azambuja, o neurocirurgião responsável pela cirurgia, ressalta que o indutor do hormônio do crescimento paroupixbet wikipediafuncionar, porque ele estava exatamente na mesma região do tumor que foi retirado.

Guto ao lado da tia na rua

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Guto vive com a tia e um primopixbet wikipediaPasso Fundo, no Rio Grande do Sul

“O Guto tem um tumor cerebral numa região bem complexa do cérebro junto da glândula hipófise, onde se faz o controle dos hormônios do organismo. E esse tumor foi crescendo e obstruiu a passagem do líquor”, detalha o especialista, que também é coordenador da Residênciapixbet wikipediaNeurocirurgia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

De acordo com Azambuja, o líquor, cuja função é fornecer uma barreirapixbet wikipediaproteção para o sistema nervoso central, acabava ficando concentrado no meio do cérebro. “Esse acúmulopixbet wikipedialíquor nós chamamospixbet wikipediahidrocefalia, e quando essa hidrocefalia acabou com o espaço no cérebro, o menino começou a ter muito vômito, dorpixbet wikipediacabeça e ficoupixbet wikipediaum quadro agudopixbet wikipediaurgência”, diz.

É válido ressaltar que a maioria dos pacientes não sofre alterações no hormônio do crescimento. “Eles costumam apresentar outros sinais que não são esses do Guto. Em geral, são múltiplas alterações hormonais”, salienta Azambuja.

Tratamento cirúrgico

O craniofaringioma é um tipo raropixbet wikipediatumor cerebral que atinge a região do sistema nervoso central, principalmente, a hipófise, mas, também pode afetar outras partes do cérebro e prejudicar o bom funcionamento do organismo.

Entre os sintomas mais comuns estão dorespixbet wikipediacabeça, dificuldade para enxergar, dormir, desregulação hormonal, ganhopixbet wikipediapeso, diabetes, problemas no crescimento, entre outros.

O tratamento do craniofaringioma é cirúrgico, e depois como complemento podem ser utilizadas radioterapia, quimioterapia, braquiterapia ou medicamentos hormonais. O tumor não tem cura, mas, seguindo as recomendações médicas, é possível ter uma boa qualidadepixbet wikipediavida.

“Esse tipopixbet wikipediatumor não se manifesta só na infância, às vezes, ele pode se manifestar aos 50 ou 60 anospixbet wikipediaidade e, até então, o paciente leva uma vida normal”, comenta Azambuja.

Também é importante frisar a importânciapixbet wikipediaprocurar um médico quando surgirem sintomas persistentes, pois o diagnóstico precoce reduz as complicações do tratamento e impede a evolução do quadro, que pode levar à morte, quando não tratado a tempo.

Hoje, segundo o médico neurocirurgião, graças ao avanço da medicina, após a cirurgia convencional é possível fazer uma radiocirurgia – um procedimento preciso com radiação exatamente no restante do tumor.

Já no caso do Guto foi preciso colocar um cateter na cabeça.

“Esse caso é diferente, porque ele ficou com um cisto junto ao tumor, e como a radioterapia funciona mais no tumor, nós colocamos um cateter (que fica no subcutâneo da pele) dentro do cisto no tumor, onde era injetada a medicação pela equipepixbet wikipediaoncologia. Essa era a quimioterapia que ele fazia, não aquela feita na veia”, explica o neurocirurgião.

O médico lembra que o craniofaringioma não costuma deixar sequela no hormônio do crescimento. “A manifestação específica do Guto é muito rara, deve ser um caso para cada 50 milhões ou algo parecido, porque não tem uma estatística exata”, afirma.

Guto sempre vai ter uma aparência muito mais jovempixbet wikipediarelação apixbet wikipediaidade. Sua pele, distribuiçãopixbet wikipediapelos, entre outros detalhes, sempre serão diferentes das outras pessoas que produzem os hormônios regularmente.