Os maiores salários mínimos da América Latina — e o que esse dinheiro compra :saque vaidebet

Ana Yancy Segura esaque vaidebetfamília - marido e dois filhos

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ana Yancy Segura esaque vaidebetfamília moram na Costa Rica, país com o maior salário mínimo da América Latina

Nos três países há uma situação econômica melhor do quesaque vaidebetmuitas outras nações da região.

No entanto, na mesma medidasaque vaidebetque os salários são mais altos, o custosaque vaidebetvida também é maior.

E o efeito que tem na qualidadesaque vaidebetvida das pessoas muda muito dependendo das circunstânciassaque vaidebetcada família.

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Se for um casal jovem e saudável com apenas um filho, ambos contribuindo com um salário mínimo para a renda familiar, a situação é menos grave.

Mas muitas vezes acontece que as pessoas que vivem com um salário mínimo fazem partesaque vaidebetgrupos familiares maiores, onde às vezes há idosos doentes ou crianças pequenas para alimentar.

Com as consequências econômicas deixadas pela pandemia e a ondasaque vaidebetinflação que assola o mundo, a região vive um momento difícil, marcado por altas taxassaque vaidebetjuros e baixo crescimento econômico.

Quase a metade da população latino-americana trabalha na informalidade, ou seja, vive com o que ganha por dia, não tem contratosaque vaidebettrabalho, não tem estabilidade, não tem previdência social e não tem poupança para a velhice.

Emborasaque vaidebet2023 as coisas tenham melhorado aos poucos, os bolsos da população mais vulnerável continuam sofrendo, principalmente quando a maior partesaque vaidebetsua renda vai para alimentação ou aluguel.

Aqui contamos a históriasaque vaidebettrês famílias, cada uma morandosaque vaidebetum dos três países com os maiores salários mínimos da América Latina.

Costa Rica: Ana Yancy Segura

Com um salário mínimosaque vaidebet352.165 colones (o equivalente atual a US$ 650 ou R$ 3.107, o mais alto da América Latina), muitos podem pensar que viver na Costa Rica é relativamente fácil.

Mas, embora a famíliasaque vaidebetAna Yancy Segura receba um pouco mais do que isso graças aos 200.000 colones (R$ 1.768) quinzenais que seu marido ganha trabalhando como guarda, ela garante que "não é suficiente" para cobrir suas necessidades básicas e assaque vaidebetseus três filhos pequenossaque vaidebet18, 11 e 3 anos.

"Com isso é impossível economizar. Se economizar 30 mil (R$ 262) já é muito, mas para isso teria que deixarsaque vaidebetpagar as despesas fixas do mês", diz a mulhersaque vaidebet38 anos à BBC News Mundo, serviço da BBCsaque vaidebetespanhol.

A família mora no Altosaque vaidebetSan Blas, um bairro humilde do municípiosaque vaidebetCartago, a sudestesaque vaidebetSan José, onde muitos vivem graças ao cultivosaque vaidebetbatata ou cebola e, no melhor dos casos, da construção civil. "Não é fácil procurar um emprego melhor remunerado aqui", diz a mulher.

Ele calcula quesaque vaidebeteletricidade, água, cabo e internet gasta cercasaque vaidebet70%saque vaidebetuma das quinzenas. A outra é dedicada a pagar a passagem do filho para a escola, o gasto semanal para comprasaque vaidebetmaterial, roupas essenciais e, principalmente, alimentação.

Segura acredita que é essa última despesa que ficou mais cara, mesmo ela não se permitindo grandes luxos.

Ele compra principalmente arroz, feijão, café, leite... "Se der, frango ou carne. Ovos muito pouco, porque estão muito caros e passaramsaque vaidebet2.500 para 4.000 [R$ 22 para R$ 35]saque vaidebettrês anos. Agora compro salsicha ou linguiça, que é mais barato e dura uma semana", explica.

Segundo o Instituto Nacionalsaque vaidebetEstatísticas do país, o custo médio mensal da cesta básicasaque vaidebetmaio foisaque vaidebet58.887 colones (R$ 521) per capita, 25% a mais do que há três anos .

Assim, embora a mulher tente ganhar um dinheiro extra cozinhando e vendendo esporadicamente pamonhas ou arroz doce, ela diz que mal consegue lucrar diante do custo dos ingredientes.

Seu marido tem planosaque vaidebetsaúde, mas como seus três filhos têm doenças crônicas, como asma, há medicamentos e tratamentos que representam um gasto adicional.

"Agora tenho que pagar um neurologista para meu filho, que custa 70 mil (R$ 620) por consulta. Imagina se forem várias", diz.

Segura diz que pediu às autoridades ajuda financeira e bolsassaque vaidebetestudos para seus filhos, mas os pedidos foram negados porque dizem que seu salário é suficiente.

"E isso não é verdade, porque os impostos são pesados. Esses salários não chegam para uma família média ou pobre, nunca", afirma.

Ela recebeu ajuda da ONG Techo para construirsaque vaidebetmodesta casa na mesma propriedade onde seus três filhos mais velhos moramsaque vaidebetoutra casa com suas famílias. Sente faltasaque vaidebetter uma camasaque vaidebetverdade, pois agora dormesaque vaidebetum cama improvisada "feitasaque vaidebetdois colchões" com o marido e o bebê.

"Quando cair algum dinheirinho, vamos comprar", anseia.

Chile: Rosario Roman

Rosario Román

Crédito, ADOLFO NAVARRO

Legenda da foto, Rosario Román tem uma famíliasaque vaidebetoito pessoas

Aos 62 anos, Rosario Román é a provedora principalsaque vaidebetuma famíliasaque vaidebetoito pessoas que vivesaque vaidebetduas casassaque vaidebetmateriais leves construídassaque vaidebetum terreno que anos atrás foi ocupado por pessoas sem moradia no municípiosaque vaidebetLa Granja,saque vaidebetSantiago, capital do Chile.

Como auxiliarsaque vaidebetuma cafeteria, ganha um salário mínimosaque vaidebet440 mil pesos chilenos por mês (equivalente a US$ 550 ou R$ 2.629).

Ela também recebe uma aposentadoriasaque vaidebetR$ 1.042 por mês que lhe permite complementarsaque vaidebetrenda.

Mora com a irmãsaque vaidebet57 anos, desempregada e com múltiplos problemassaque vaidebetsaúde, e divide o terreno com o sobrinho, a esposa e quatro filhos.

O sobrinho não tem salário fixo porque ganha por diasaque vaidebettrabalho (cercasaque vaidebetR$ 90) limpando vidrossaque vaidebetprédios altos. No inverno há menos trabalho por causa das chuvas, mas no verão ele ganha o equivalente a cercasaque vaidebetR$ 1.816 por mês.

A esposa, que se dedica aos afazeres domésticos (eles têm um bebê e três filhossaque vaidebetidade escolar), às vezes vende cosméticossaque vaidebetuma feira livre e também contribui para a subsistência da família.

Entre todos, eles podem arrecadar cercasaque vaidebetR$ 5.736 — e 70% do orçamento vai para a alimentação.

"Aqui no Chile é muito caro comer", diz Román.

"Eu gostaria que pudéssemos ter uma boa alimentação básica. Não aspiro a nenhum luxo, mas quero viver com dignidade."

Com os 30% restantes pagam luz, água, gás, transporte e produtossaque vaidebetlimpeza. E no inverno acrescentam o custo da parafina para aquecer a casa.

Não gastam com educação ou saúde (exceto alguns remédios no comércio informal), nem pagam aluguel.

Para reduzir custos, Román se organizou com seus vizinhos para comprar alimentossaque vaidebetmercados atacadistas, fizeram cozinhas coletivas e atividades para ajudar uns aos outros por meiosaque vaidebetuma organização chamada Fuerza Pobladora.

Seu sonho é ter uma casa própria. “Pelo menos quero morrer na minha própria casa, mesmo que seja pequena, mas que seja minha”, diz Román.

Como essa família é muito grande, conversamos também na BBC Mundo com duas famílias menores que vivem com um salário mínimo fora da capital.

Em ambos os casos (uma mãe solteira com duas filhassaque vaidebetQuintero e um casal com uma filhasaque vaidebetLota) a despesa maior é a alimentação esaque vaidebetsegundo lugar o aluguel. Com o que sobra, pagam contas básicas.

Massaque vaidebetSantiago, o aluguelsaque vaidebetum imóvelsaque vaidebetum bairro periférico pode custar maissaque vaidebet60% ou 70% do salário mínimo. É por isso que os filhos adultos costumam ficar com os pais e, se formaremsaque vaidebetprópria família, constroem cômodos adicionais no mesmo terreno.

No Chile, a linhasaque vaidebetpobreza por pessoa ésaque vaidebetcercasaque vaidebetR$ 1.340 por mês, ou seja, aproximadamente meio salário mínimo.

Para as famílias que vivemsaque vaidebetsituaçãosaque vaidebetpobreza e extrema pobreza, existem benefícios sociais estatais, que são pagassaque vaidebetfunção do númerosaque vaidebetdependentes (ou que não gerem rendimentos) no grupo familiar.

A isto se somam subsídios para adultos com maissaque vaidebet65 anos.

O custo da cestasaque vaidebetbens e serviços com que se mede o Índicesaque vaidebetPreços ao Consumidor (IPC) é considerado informação confidencial, segundo o Instituto Nacionalsaque vaidebetEstatística.

A informação fornecida pelo governo é a variação dos preços da cesta, mas não o valor dos produtos que a compõem. A inflação acumuladasaque vaidebet12 meses do país caiu para 9%, após ter atingido 14% no ano passado.

Rosario Román, que trabalha como auxiliarsaque vaidebetuma cafeteria.

Crédito, ADOLFO NAVARRO

Legenda da foto, Rosario Román trabalha como auxiliarsaque vaidebetuma cafeteria

Uruguai: Valéria Avondet

Valéria Avondet enfrenta um difícil equilíbrio para viver com o equivalente a cercasaque vaidebetR$ 2.629 que ganha por mês trabalhando como operadorasaque vaidebetvendassaque vaidebetum call center no Uruguai.

Este valor é comparável ao salário mínimosaque vaidebet21.107 pesos uruguaios fixado pelo governo daquele país, que quando convertidosaque vaidebetdólares é um dos maiores salários mínimos da América Latina (US$ 550).

Mas Avondet,saque vaidebet24 anos, conhece bem seus limites estreitos.

"Metade do meu salário vai para aluguel, impostos, e despesas com serviços", disse ele à BBC Mundo. "Eu administro a outra metade."

Valeria Avondet divide o aluguel com mais duas pessoas.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Valeria Avondet divide o aluguel com mais duas pessoas.

Nessa categoriasaque vaidebet"outros" há espaço para despesas essenciais, como alimentação, embora geralmente sejam atenuadas com um bônussaque vaidebetalimentação, que ela ganha extra com as comissõessaque vaidebetvendas.

Ela divide o aluguel com mais duas pessoas: um colegasaque vaidebettrabalho e um policial que ganha melhor e é o fiador do pagamento mensal.

Avondet costuma irsaque vaidebetônibus para o trabalhosaque vaidebetMontevidéu e voltar a pé, para “baratear um pouco” o transporte.

Em troca, viaja uma vez por mês para Paysandú,saque vaidebetcidade natal, localizada a cercasaque vaidebet380 quilômetros a noroestesaque vaidebetMontevidéu.

Alémsaque vaidebetver a família por lá, costuma aproveitar para atravessar a ponte até a cidade argentina vizinhasaque vaidebetColón, onde a alimentação sai mais barata para ela devido à diferençasaque vaidebetcâmbio.

No Uruguai, os preços ao consumidor sem aluguel são 94% mais altos do que na Argentina, segundo o site especializado Numbeo, e uma cesta básica chegou a 18.759 pesos uruguaios per capitasaque vaidebetdezembro (cercasaque vaidebetR$ 2.342 pelo câmbio atual), segundo dados oficiais.

Avondet explica que, para chegar ao fim do mês com o que ganha, ela gasta apenas o necessáriosaque vaidebetroupas e sapatossaque vaidebetofertas, não tem acesso a cartõessaque vaidebetcrédito e desistiusaque vaidebetir à academia que pagava.

"Também é algo que eu gostaria, mas sei que, se pagar uma academia, tenho que sacrificar outras coisas", argumenta.

"O Uruguai é um país muito caro para se viver", destaca. “Tem certas coisas boas, [como] a educação que é gratuita, entre aspas, esaque vaidebetoutros países tem um custo: quem não pode pagar, não tem acesso. Mas [o Uruguai] tem um custosaque vaidebetvida quesaque vaidebetoutros países você pode não ter."